HOMENAGEM...

Sou um homem da bola... cresci com ela... lembro-me da constante dúvida: sporting (pai) ou benfica (primeiro amigos depois avô)... a escolha recaiu sobre o segundo mas com isso aprendi a saber ver as coisas, se é que me entendem... Portugal acima de tudo!... seguindo a ordem natural seguiu-se o clube da terra... sou quelimane (sim...quem é de Quelimane diz-se quelimane) e apesar de não conhecer sinto-me como tal... apesar disso a minha mimória, como dizia o meu avô Joaquim (ai que saudades), só me permite recuar até à fase em que já considerava o Fundão como tal. Assim sendo aprendi a gostar do, até então, único clube com futebol na recém intitulada terra mãe... a ADF (Associação Desportiva do Fundão)... Chegada a altura de passar das palavras de incentivo aos actos, não hesitei... entrei para a equipa de iniciados e pude assim defender as cores de que tanto gostava... em 23 anos de futebol, 18 foram lá passados... como qualquer praticante, um dos desejos era ser campeão pelo clube do coração... fosse no distrital ou na primeira liga, acreditem que o sentimento era o mesmo... depois de muitas amarguras e decepções, consegui-o... como devem imaginar a alegria foi imensa... Apesar de todo este amor pela bola (sabe Deus o quanto já me fez passar), sempre coloquei a vida profissional em primeiro lugar... esta escolha limitou a minha continuidade em alguns projectos. O da ADF foi um deles... O destino assim quis... fui parar à Atalaia do Campo, mais precisamente à ACRAC (Associação Cultural e Recreativa da Atalaia do Campo)... permitam-me que vos conte algo sobre este clube... Cresci a ouvir falar da grande rivalidade existente entre a ADF e a ACRAC... assim os encarava... rivais... a fama da terra era enorme e aterrorizadora... tinha medo de lá ir ver os jogos... tinha medo do Ti Marcelino, com os raibantes verdes e com o cigarro colado no canto do lábio inferior... tinha medo das mulheres que não paravam de gritar... enfim... não era um campo do meu agrado... e assim continuou quando passei de espectador a interveniente... se calhar era por isso que raramente lá ganhava... mas sempre apreciei o modo como defendiam os seus... Sem criar expectativas para lá rumei... em boa hora o fiz... conheci uma terra e um clube diferentes de todos os outros... não digo melhor nem pior mas muito diferente... aprendi a sentir o jogo de uma outra maneira... senti-lo como um deles... aprendi que acima de qualquer resultado está o gosto em vestir aquelas cores… em representar aquele povo e aquela terra… aprendi a saber realmente o que significa ter amor a uma camisola e a uma causa…
Em 3 anos a equipa foi-se reforçando e esta época pretendia-se entrar para a história e melhorar o 3º lugar conquistado há já alguns anos... os resultados foram aparecendo e chegámos ao último terço do campeonato com fortes possibilidades de o fazer... para espanto de muitos, nos quais não me incluo, conseguimos superar até as nossas expectativas… fomos campeões!!!!... que sensação meus amigos… uma alegria indescritível… a felicidade que se entranhou na alma daquela gente vale por mil ligas dos campeões, por mil campeonatos da Europa ou do mundo… o clube da sua terra tinha sido campeão… o clube da “minha” terra tinha sido campeão…
A todos eles a minha sentida e sincera homenagem… bem-haja por me fazerem sentir como um dos vossos…
Com orgulho afirmo: entrei para a história da ACRAC! (a faixa é minha testemunha eheheheheh)

NOTA: a festa dos campeões decorreu neste fim-de-semana... só visto... deixo-vos um pormenor... tudo o que se comeu, tudo o que se bebeu, tudo o que se cantou e dançou foi oferecido pelo povo... será necessário dizer mais? Ah! A festa começou às 19h e terminou às... olha... querem lá ver que não me lembro ehehehehehehe...