sexta-feira, 13 de março de 2009

Dia 45


É habitual ser trabalhada a área vocabular no decorrer das aulas, em especial no 3º ano de escolaridade… na terça-feira a primeira hora da aula, sem que estivesse planeado, foi passada a fazermos uma verdadeira área vocabular da palavra morte… a semente de tudo isto foi o provérbio do dia… De boas intenções está o inferno cheio. Após a explicação da moral a retirar do dito sou questionado pelo T.: “Ó professor o que é o inferno?”… expliquei-lhe o que é, ou melhor, o que poderá ser… a partir daqui gerou-se uma concorrida e muito interessante discussão acerca de vários temas, todos relacionados com a palavra chave… bem… mal… cremação… crucificação… Páscoa… enterro… ressurreição… cemitérios… medo de morrer… diabo… deus… a reter uma ou outra preciosidade: “Ai professor, eu não quero ser cremado. Posso estar vivo!”... “O meu irmão disse-me que quando somos enterrados somos comidos por bichinhos, é verdade professor?” – digo-lhe que sim… outro, um alucinado por animais, que tinha ouvido a conversa fez questão de, todo orgulhoso de si mesmo, afirmar: “Se é assim eu quero ser comida para esses animais!”

Começo a ficar lamechas… começo a pensar que os poderei deixar… considero-me uma personagem bem importante no mundo de cada um deles…do papel deles no meu nem vale a pena falar… mas pronto… há que continuar… outros virão... levo estes cá dentro…

MOMENTO DO DIA
Hoje já se tinham comportado inadequadamente aquando da hora do conto… já tinham a mochila arrumada e muitos deles estavam em amena cavaqueira, quando sabem que não o podem fazer… depois de arrumar têm de cruzar os braços em cima da mesa e estar em silêncio… ainda esperei um pouco para ver se se acalmavam… em vão… assim, mandei um deles escrever nomes no quadro… ficaram um pouco à toa do porquê… mas resultou em cheio… calaram-se todos… das suas caras emanavam vapores de preocupação e intriga… o que iria acontecer àqueles cujos nomes foram escritos? Porquê aqueles?... quando começo a preencher a tabela de comportamento passo por um cujo nome estava no quadro… já tinha os olhos carregados de lágrimas mas notava-se que o orgulho não as deixava cair… devia estar a sentir-se injustiçado porque pensava que ia ter um vermelho mas sabia que tinha estado como manda a lei… fingi que não tinha reparado e coloquei-lhe o respectivo verde… Ufa!...

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